DE COMO ERA BOA NOSSA VIDA NORMAL DE ANTES (SERÁ?)

          Estamos vivendo mais um ano de pandemia e já começamos a romancear nossa vida "normal" de antes. De como eram boas nossas viagens, nossos passeios, nossas festas... na verdade não era bem assim. Pelo menos para pessoas como eu que sempre viveu o dilema "quando tenho dinheiro, não tenho tempo e, quando tenho tempo, não tenho dinheiro".
          Acho mesmo que, para mim, era mais uma questão de sentir-se livre para ir e vir quando quisesse... ou quando pudesse. Quantas vezes, atuando mais como fiscal do que como professor nas enfadonhas avaliações unificadas, sonhava de olhos abertos com uma viagem de nada, de poucos quilômetros, mas que me colocasse em um outro lugar, onde estivesse seguro longe da minha vida. E faria o check-in em um pequeno hotel, dormiriam tranquilo e, no outro dia, tomaria um requintado café da manhã. Nesses momentos de devaneio, via de regra, acordava-me um aluno impaciente para entregar a prova que sequer lera.
          Nossas vidas há muito vem se tornando remotas. Lembro-me da coordenadora pedagógica, quase ofendida, diante da minha sugestão de entregar a avaliação por e-mail: "Tem que vir aqui, entregar a prova, digitada e impressa, e assinar o protocolo. Entendeu?" Pouco tempo depois, a sugestão absurda virou regra. Tudo passou a ser enviado por e-mail.
          Os registros a mão, em documentos em papel, passaram a ser registro em sistemas integrados; já não carregávamos montanhas de livros, apenas um laptop; os mais sofisticados tinha tabletes.
Minhas leituras passaram a ser, preferencialmente, no computador, pois a letra pode ser aumentada conforme a idade avança.
          A pandemia veio, pois, como a última cacetada para aqueles que resistiam a esse "admirável mundo novo". Minha adesão ao aplicativo do banco, por exemplo, somente ocorreu quando o gerente ligou-me, dizendo que não haveria mais atendimento presencial para a maioria dos serviços. E isso foi bem antes da pandemia. 
          Sob esse aspecto, as coisas não regredirão ao estágio anterior. Navegar é preciso.

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